Paulo Vitale
Corte de árvore: é difícil fazer cumprir a lei de preservação
Desmatamento
Muita retórica, pouca ação
O ministro faz show e desmatamento na Amazônia se aproxima do recorde
O ministro faz show e desmatamento na Amazônia se aproxima do recorde
Por Roberta de Abreu Lima
Nos últimos três anos, a tendência de queda nos índices de desmatamento na Amazônia foi alardeada como um feito da gestão ambiental do governo Lula. Na semana passada, dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) confirmaram o que já se antecipava desde o início do ano: a derrubada de árvores voltou a crescer com força total.
Embora ainda faltem três meses para a divulgação do índice relativo a 2008, as medições já apontam para um aumento de 17% no desflorestamento em relação ao ano passado. A área atingida chega a 5 850 quilômetros quadrados, o equivalente a quatro vezes o município de São Paulo. Considerando-se que o período de julho a setembro é justamente aquele em que mais se desmata, pois a escassez de chuvas favorece as queimadas e a circulação de veículos para o transporte de madeira, o saldo final do estrago pode chegar a 20.000 quilômetros quadrados, recorde dos últimos quatro anos.
Tais cifras preocupam, mas não surpreendem. Elas demonstram a ineficiência do controle do desmatamento na Amazônia. Nenhum governo até hoje elaborou um plano consistente para a ocupação da região, um projeto que concilie o desenvolvimento do agronegócio com a preservação da maior floresta do planeta. Para piorar, as leis que existem são ignoradas por boa parte dos agricultores e pecuaristas e a fiscalização do Ibama é precária.
O governo, por sua vez, incentiva o desmatamento ao promover assentamentos de sem-terra que, sem ter como sobreviver com a lida da terra, derrubam árvores para vender a madeira. A última regra criada pelo governo para a Amazônia, a suspensão do crédito rural aos produtores agrícolas que tenham desmatado sua propriedade além do limite permitido, prevista para entrar em vigor em julho, está agora sendo amenizada pela exclusão de áreas consideradas fora do bioma amazônico.
Em reação à escalada do desmatamento, o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, mostrou ser um animador de auditório. Depois de cunhar frases de efeito como "precisei controlar a ecoansiedade" e "não adianta chorar a seiva derramada", ele ameaça confiscar os bois dos pecuaristas em situação irregular. Sim, ele quer apreender dezenas de milhões de cabeças de gado, numa operação que batizou de "boi pirata", e doar toda a carne ao programa Fome Zero. O surto do novo ministro mostra que, com relação à Amazônia, o governo é bom de retórica e ruim de ação.
O ESTRAGO NA PONTA DO LÁPIS
Embora ainda faltem três meses para a divulgação do índice relativo a 2008, as medições já apontam para um aumento de 17% no desflorestamento em relação ao ano passado. A área atingida chega a 5 850 quilômetros quadrados, o equivalente a quatro vezes o município de São Paulo. Considerando-se que o período de julho a setembro é justamente aquele em que mais se desmata, pois a escassez de chuvas favorece as queimadas e a circulação de veículos para o transporte de madeira, o saldo final do estrago pode chegar a 20.000 quilômetros quadrados, recorde dos últimos quatro anos.
Tais cifras preocupam, mas não surpreendem. Elas demonstram a ineficiência do controle do desmatamento na Amazônia. Nenhum governo até hoje elaborou um plano consistente para a ocupação da região, um projeto que concilie o desenvolvimento do agronegócio com a preservação da maior floresta do planeta. Para piorar, as leis que existem são ignoradas por boa parte dos agricultores e pecuaristas e a fiscalização do Ibama é precária.
O governo, por sua vez, incentiva o desmatamento ao promover assentamentos de sem-terra que, sem ter como sobreviver com a lida da terra, derrubam árvores para vender a madeira. A última regra criada pelo governo para a Amazônia, a suspensão do crédito rural aos produtores agrícolas que tenham desmatado sua propriedade além do limite permitido, prevista para entrar em vigor em julho, está agora sendo amenizada pela exclusão de áreas consideradas fora do bioma amazônico.
Em reação à escalada do desmatamento, o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, mostrou ser um animador de auditório. Depois de cunhar frases de efeito como "precisei controlar a ecoansiedade" e "não adianta chorar a seiva derramada", ele ameaça confiscar os bois dos pecuaristas em situação irregular. Sim, ele quer apreender dezenas de milhões de cabeças de gado, numa operação que batizou de "boi pirata", e doar toda a carne ao programa Fome Zero. O surto do novo ministro mostra que, com relação à Amazônia, o governo é bom de retórica e ruim de ação.
O ESTRAGO NA PONTA DO LÁPIS
De agosto de 2007 a julho de 2008, o desmatamento pode alcançar 20 000 km2, contra os 11.200 km2 do mesmo período entre 2006 e 2007
- Cada motosserra em ação naAmazônia derruba, em média, 50 árvores de grande porte por dia - Ao cair, cada uma dessas árvores derruba outras 27 menores - No fim do dia, uma única motosserra acaba com 1.350 árvores
Fonte: Imazon
- Cada motosserra em ação naAmazônia derruba, em média, 50 árvores de grande porte por dia - Ao cair, cada uma dessas árvores derruba outras 27 menores - No fim do dia, uma única motosserra acaba com 1.350 árvores
Fonte: Imazon
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